ESPECIALISTA EM END É CARREIRA EM EXPANSÃO
Ensaios Não Destrutivos (END). Se o termo soa estranho é porque há escassez de profissionais no mercado e porque muitas escolas técnicas e universidades do interior brasileiro não oferecem a oportunidade de especialização nessa área, considerada hoje umas das mais promissoras no setor industrial. São os profissionais de END, por exemplo, que inspecionam pontes, viadutos e até a segurança de estruturas de aviões e navios.
"Os profissionais certificados de END são cada vez mais requisitados no mercado. Nós mesmos aqui do Senai estamos treinando um especialista porque não encontramos ninguém com preparação adequada no mercado. E, em tempos de crise, uma oportunidade de emprego para quem investe em qualificação profissional e certificação neste setor é uma aposta certeira", afirma o coordenador do laboratório de Calibração do Senai-PR em Londrina, Ederson Luiz Angarten.
Há trinta anos, a Associação Brasileira de Ensaios-Não Destrutivos e Inspeções (Abendi), com sede em São Paulo, oferece profissionalização aos que executam ensaios que visam detectar descontinuidades internas nos materiais (principalmente metálicos) para garantir a confiabilidade de peças e equipamentos utilizados em vários setores, como o automotivo, aeronáutico, siderúrgico, petróleo e petroquímico, nuclear e eletromecânico.
De acordo com o consultor de certificação da Abendi, Marcelo Neris, a variação salarial é muito grande e depende do nível e método em que o profissional é certificado, da região do País em que atua e também da experiência profissional. “Pode variar de R$ 2 mil até R$ 12 mil para os profissionais certificados como nível 2, que é aquele que está mais presente nas empresas e obras e são os mais procurados no mercado de trabalho. Para chegar a um salário mais alto, o profissional deve ter formação mínima como técnico, realizar vários treinamentos e obter resultado satisfatório nos exames de certificação”, aponta Neris. De acordo com pesquisa da Abendi envolvendo 300 trabalhadores do setor, 40% dos profissionais certificados para atuar neste segmento ganham até 10 salários mínimos. Além disso, 86% dos atuais técnicos em END têm entre 26 e 30 anos.
A Abendi promove a especialização e recomenda locais que possam suprir as necessidades apontadas pelo mercado, preparando profissionais e disponibilizando cursos de renovação e reciclagem frente às novas tecnologias que o mercado requer. De acordo com Neris, é recomendado que o profissional tenha uma formação mínima de técnico na área metal/mecânica. “Mas as regras atuais permitem que um profissional com o ensino médio completo possa iniciar os exames de qualificação”, afirmou. “Apesar de não ser obrigatório, é essencial para um reconhecimento do mercado que o profissional seja certificado.”
Serviço: A Abendi possui algumas instituições reconhecidas situadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Canoas, Vitória e Belo Horizonte. A relação destas instituições pode ser verificada no site da ABENDI (www.abendi.org.br).
Segundo o consultor de certificação da Abendi, Marcelo Neris, a formação dos profissionais de END visa a atender o mercado interno, mas a formação na área pode contribuir para as exportações através do reconhecimento que as certificações realizadas no Brasil possuem no exterior. "A Abendi é creditada no Brasil pelo Inmetro como um organismo de certificação de pessoas em END. Somos membros associados do European Federation for Non-Destructive Testing [EFNDT] e temos um acordo de reconhecimento para aplicação de práticas realizadas no Brasil com a Inglaterra, por exemplo. Isso possibilita que equipamentos fabricados e ensaiados no Brasil tenham aceitação no exterior.”Profissional pode atuar no exterior
O inspetor de END ainda não é uma profissão regulamentada e a exigência deste profissional está condicionada à preocupação das empresas em garantir a segurança e a qualidade dos equipamentos e empreendimentos.
Os profissionais são certificados em três níveis: 1, 2 e 3, que é o nível mais alto e de atuação na supervisão. O nível 2 é o inspetor e está mais presente em empresas e obras. “Por estes profissionais certificados é que há uma grande procura no mercado de trabalho. Para iniciar nesta área, é recomendável que o profissional comece atuando em uma empresa que utilize os ensaios. O segundo passo seria participar de um treinamento que pode variar de 40 a 120 horas por aula. Depois disso, o profissional deve obter experiência profissional atuando com a supervisão de um profissional certificado como nível 2 ou 3”, explicou Neris.
Há vagas para END em todo o País
Segundo o Coordenador do Centro Tecnológico de Mecânica de Precisão (Cetemp) do Senai–RS, Carlos Pomper Mayer, as empresas têm buscado profissionais na área de END e as vagas estão espalhadas em todo Brasil. “Muitas vezes são temporárias em virtude de grandes obras ou empreendimentos”, destacou. De acordo com Marcelo Neris, atualmente existem cerca de 5 mil profissionais certificados no Brasil pela Abendi na área de END. A Inglaterra possui cerca de 14 mil profissionais certificados. “A certificação em qualquer segmento hoje em dia é muito importante e não deve ser somente para profissionais de END. Temos carência de profissionais certificados na área de soldagem e em outros segmentos potenciais e nos quais não existem certificações. Estas, entretanto, não substituem a formação acadêmica. O mercado também precisa de engenheiros, tecnológos e técnicos. A certificação é uma forma de agregar valor, de gerar confiabilidade em produtos e serviços, e deve estar associada aos estudos formais existentes.”
Fonte: Jornal de Londrina